António Rodrigues nasceu há 40 anos no Porto, mas foi em Matosinhos que viveu os primeiros 10 anos de vida em casa da sua avó. “Na minha altura, quando era criança, tínhamos por hábito faltarmos à escola. Eu passava a vida a fugir de casa da minha avó para ir para o salão de jogos, jogar snooker e bilhar”, relembra António Rodrigues. “A minha avó, coitada, já não aguentava mais ter que andar sempre a correr atrás de mim, e resolveu colocar-me num colégio interno”, conta. Foi quando entrou para esta escola que, segundo ele, se “endireitou”.
“As regras eram rígidas, mas ajudaram-me a encontrar um rumo. Frequentei as oficinas e especializei-me em encadernação e trabalhei seis anos como encadernador”, salienta António. Ao longo dos anos foi juntando dinheiro que lhe permitiram alugar uma casa em Vila do Conde. Passado algum tempo, decide ir para Inglaterra, onde esteve durante cinco anos. “Gostei muito de estar a trabalhar no estrangeiro. Em Inglaterra trabalhei em muitos locais como fábricas de frutas ou fábricas de revistas. Ganhava bem e gostava muito das pessoas. Nesta altura era fácil encontrar trabalho”, diz.
Um relacionamento que não correu bem e as saudades de Portugal, fizeram-no regressar. No entanto, quando chegou a Portugal as coisas não correram bem. “Vivi e dormi entre três a quatro anos na rua. Durante este período tinha o vício de fumar erva”. Uma necessidade sem a qual não podia passar um dia sem a satisfazer. Estava preso a isso e comecei a enveredar pela má vida”, diz. Como não tinha dinheiro, começou por cometer pequenos furtos e acabou por ser preso. Quando saiu, ao fim de um mês, falaram-lhe da Associação CAIS. “Não hesitei e fui logo lá. Precisava de dar um novo rumo à minha vida”, afirma. “Ajudaram-me imenso. Comecei a ter aulas e fui acompanhado por técnicos especializados”, acrescenta. Foi desta forma que voltou ao mercado de trabalho e está muito satisfeito. “Ambiciono constituir uma família e ter pelo menos um filho”, deseja António Rodrigues.
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