Hoje, como ontem, a igualdade de género é uma das grandes lutas libertadoras da humanidade. Os acontecimentos recentes demonstram-no bem e entram pelos nossos dias, sob a forma de notícias, revelando realidades devastadoras e quase inconcebíveis para as democracias ocidentais. Recordam-nos, da forma mais dramática, que apesar da sua aparência por vezes feliz, o mundo em que vivemos continua a não ser um lugar de igualdade. Terá sido sempre assim, como a História prova que foi, mas mostra apesar de tudo sinais de evolução e de esperança que a todos devem encorajar.
Depois de mais de um século de lutas sociais e ideológicas, as mulheres ocidentais assumem um papel cada vez mais preponderante na sociedade em que vivemos, revelando-se exemplos de tenacidade e liderança que a todos inspiram. Mas essa não é a realidade do mundo subdesenvolvido onde as mulheres lutam ainda pelos níveis mais básicos de cidadania, pelo acesso à educação ou pela dignidade humana tolhida pela pobreza e pela opressão.
Presido a uma fundação, instituída pelo meu clube do coração, o Sport Lisboa e Benfica, que se dedica a combater a pobreza e a promover ativamente o acesso de crianças e jovens à educação, em Portugal e no mundo, sobretudo nesse mundo irmão onde se fala português. Move-nos a utopia da igualdade, por isso os nossos projetos combatem a discriminação e a injustiça social, fazendo da equidade e da igualdade de género mais que uma bandeira, uma força motriz.
Na verdade, se há domínio da atividade humana em que a utopia da igualdade se torna mais próxima da vida comum e demonstra ser possível, esse domínio é sem dúvida o desporto. Côr, religião, condição social, orientação sexual e género parecem esfumar os efeitos de tensões sociais e preconceitos, erguendo o valor individual, o carater e o mérito a patamares de excelência e idealismo de que nunca deveriam descer e inspirando todos e todas a prosseguir no caminho da ambição saudável, do trabalho e da melhoria contínua.
Tive sempre o privilégio, na minha vida familiar, empresarial e desportiva de me cruzar com grandes seres humanos, Homens e Mulheres, e de cada um retirei valores e inspiração para o meu próprio caminho. Foi, e é, assim nas minhas empresas, no Benfica e no Maratona.
Curiosamente é no terreno difícil das maratonas que assentam alguns dos grandes feitos do desporto nacional, arrancando ouro olímpico à exaustão com a tenacidade e resiliência que nos carateriza enquanto povo. Ouro que nos enche de orgulho e que foi conquistado nos géneros masculino e feminino, com dois campeões igualmente amados e inspiradores do nosso povo, Carlos Lopes e Rosa Mota.
A vida é, num certo sentido, uma maratona exigente. Assim nos continuemos a inspirar nestes dois símbolos e a saibamos viver em harmonia entre todos, homens e mulheres, independentemente do seu género ou condição e seguramente dela tiraremos o melhor dos proveitos para nós e para as nossas famílias deixando um Portugal melhor, mais justo e mais feliz!
Biografia Carlos Móia
Natural de Ovar, empresário de referência no setor da restauração, ex-atleta.
Presidente Executivo da Fundação Benfica. Foi vice-presidente do Benfica (1994-97). Membro do Conselho Superior do Desporto e Embaixador do Plano Nacional de Ética no Desporto.
Presidente do Maratona Clube de Portugal e Vice-Presidente da AIMS (Association of International Marathons and Distance Races).
Fundador do circuito internacional SuperHalfs, que une cinco das principais meias maratonas dos mundo: Cardiff, Copenhaga, Lisboa, Praga e Valência.Agraciado com diversas condecorações: Mérito Desportivo, Mérito Municipal de Oeiras. Cidadão honorário do Rio de Janeiro, Comendador da Ordem de Mérito.