Os direitos das mulheres fizeram um progresso significativo nas últimas décadas, abriram um caminho cuja direção parece ser o da abolição de leis discriminatórias de género. Neste sentido, questiona-se: porque é que ainda se celebra este dia? Para responder a esta questão, importa recuar ao passado.
O Dia Internacional da Mulher começou por estar associado aos movimentos trabalhistas da Europa e da América do Norte, no século XIX. Foi celebrado, pela primeira vez, nos Estados Unidos, a 28 de fevereiro de 1909, em honra da greve dos trabalhadores têxteis nova-iorquinos, em 1908. No entanto, o movimento das mulheres ganhou protagonismo e globalizou-se e este dia é atualmente celebrado em quase todo o mundo, a 8 de março.
Apesar de todas as conquistas relativas aos direitos das mulheres nos últimos anos, nenhum país atingiu ainda a igualdade plena entre homens e mulheres. Segundo a ONU Mulheres (UN Women):
“(…) atualmente, as mulheres continuam a ganhar menos 23% que os homens. Mais graves, ainda, são os números relativos à violência sexual contra as mulheres: 1 em cada 3 mulheres já sofreu algum tipo de violência física ou sexual; e mais de 200 milhões de mulheres e raparigas foram vítimas da mutilação genital. É ainda preocupante apercebermo-nos de que, todos os anos, 12 milhões de raparigas são forçadas a casar-se antes dos 18 anos — o que significa 23 raparigas por minuto, uma a cada 3 segundos. E, apesar desta parecer uma prática arcaica, de acordo com a UNICEF, o Brasil, um país do mundo lusófono, tem o 4.º maior número de noivas menores do mundo, contabilizando 3.034.000 raparigas. Em Moçambique, o número, apesar de menor (649.000), equivale à 9.ª taxa mais alta de casamentos forçados com crianças a nível mundial.”
Tendo em conta a realidade portuguesa, mesmo que distante em alguns aspetos do acima citado, ainda estamos longe de alcançar justiça social, no que concerne à igualdade de género.
“Apesar das mulheres serem iguais aos homens perante a lei portuguesa, as estatísticas mostram que, em 2017, as mulheres receberam menos 14,8%, que os homens. E, em termos de violência, os números não são muito animadores: em 2019, um total de 28 mulheres (num universo de 35, quando contabilizando crianças e homens) morreram em contexto de violência doméstica – uma média de 2 mulheres por mês.”
Nem que seja apenas por estas evidências, continua a ser pertinente e necessária a celebração do Dia Internacional da Mulher, dia que oficializou a necessidade de se tratar os homens e as mulheres de forma igual.
A Associação CAIS decidiu celebrar este dia através da voz das mulheres que pertencem ao nosso quotidiano. No fundo, quisemos amplificar a voz das mulheres que contribuem todos os dias para a missão da CAIS. Quisemos dar-lhes visibilidade e agradecer-lhes toda a dedicação e o trabalho desenvolvido. Para cumprirmos este propósito, construímos uma pequena campanha com testemunhos de mecenas, colaboradoras, voluntárias, formadoras e utentes da Associação CAIS, que serão partilhados nas redes sociais da CAIS ao longo do mês de março.
Muito obrigada a todas! Na Associação CAIS, TODAS contam!